Sandro Shankara fala sobre a importância dos instrumentos musicais como extensão dos sentimentos humanos dentro da filosofia da música clássica indiana.
A pulsação da natureza é refletida em cada movimento humano. O ser humano expressa seus sentimentos através da sua expressão corporal.
Após ter o controle dos nossos movimentos corporais básicos, começamos a articular gestos que expressam emoções específicas como: alegria, angústia, mágoa, força, etc.
O ritmo corporal, como as palmas, o caminhar, etc. fez o homem começar a elaborar os instrumentos de percussão.
A princípio, criou-se os instrumentos rústicos, como o chocalho, e em um processo mais avançado o homem começou a criar instrumentos com madeira, bambu, utilizando a pele de animais e com metal.
No NatyaShastra de Bharat Muni os instrumentos musicais são classificados em quatro grupos:
1. Tat Wadya: Instrumentos de corda;
2. Sushir Wadya: Instrumentos de sopro;
3. Awanadhha Wadya: Instrumentos percussivos feitos com pele animal;
4. Ghan Wadya: Instrumentos sólidos ou simbalos – feitos em superfícies sólidas como metal, madeira, Barro, etc;
Instrumentos de corda
A princípio, as cordas eram feitas de plantas, cabelo de animal, etc. O grande avanço chegou mediante o invento da fabricação de cordas de metal. A mitologia antiga diz que os instrumentos de corda derivam do arco de Shiva. Aquele que interpreta o toque das cordas reproduz o som que os antigos obtinham ao pressionar e lançar uma flecha – de onde veio a ideia dos instrumentos de corda.
A frequência é baseada no tamanho da corda e na distância que ela tem da base onde é presa (ponte).
Após muitos experimentos, o homem fabricou a antiga Veena. Chegando aos instrumentos de corda como Tanpura, Veena, Sitar, Sarod, Sarangi, Israj, Dilruba. Estes instrumentos de cordas foram posteriormente divididos em 4 diferentes categorias:
a. Dedilhados como a Tapnura, Swar-Mandal, etc.
b. Tocados como o Sitar, Sarod, etc
c. Arqueado como o Sarangi, Israj, Violin,
d. Percutido como o Santoor.
Instrumentos de sopro
‘Sushir’ significa cavidade, e então os instrumentos que possuem orifícios por onde o ar passa, produzindo o som, são classificados como ‘Sudhir Wadya’. Estes instrumentos possuem uma coluna de ar feita de bambu, madeira ou metal, por onde o ar transpassa, produzindo as notas musicais.
Os instrumentos de sopro são classificados em duas categorias:
a. instrumentos de sopro simples, como a Flauta, Shankh, Tutaari,
b. instrumentos de sopro de cana, como o Shehnai, Sundri.
Instrumentos de Percussão
‘Awanadhha’ significa cobrir ou esconder. Portanto, estes instrumentos são dotados de uma caixa sonora coberta por uma pele.
O ‘Bhoomi Dundudhi’ é o instrumento mais antigo deste tipo. De acordo com o processo de fabricação e a forma de se tocar, ele é classificado como:
a. Tocado com o percutir dos dedos, como: Khanjira, Duff, Dimdi
b. Tocado com um bastão, como: Dhol, Sambal, Nagada
c. Tocado com a palma das mãos, como: Pakhawaj, Mridangam,
d. Tocado com uma corda percutida, como o Damroo.
e. Tocado com a palma e com os dedos, como: Tabla, Dholki, Dholak.
Instrumentos sólidos
‘Ghan’ significa sólido. Portanto estes instrumentos possuem um corpo maciço, sem cavidades ocas. Tais instrumentos são feitos de vários materiais, como: pedra, ossos, madeira, metal, chifres, concha, etc. Podemos classificá-los em 3 partes:
a. tocado com contato, como o Chipli, Taal
b. tocado com um bastão ou martelinho, como: JalTarang, KaashthaTarang, Ghantam
c. tocado através da rotação ou de movimentos livres, como: Ghunghroo, Ghantika, Rattle, Kabas, etc.
Como eles possuem o mesmo centro tonal, os instrumentos sólidos tornam-se atônicos, não podendo emitir notas diferentes, sendo utilizados para manter um ritmo. Podemos encontrá-los nos mais variados estilos musicais: folclórico, cinematográfico e também utilizados na música clássica Indiana.
Texto de Chaitanya Kunte
Tradução e adaptação Sandro Shankara