O Rio Music Buzz aconteceu no Rio de Janeiro nos dias 14, 15 e 16 deste mês setembro no Centro Cultural Light e já na abertura propôs uma discussão que há muito permeia o mundo da música: atualmente o talento é realmente importante ou o dinheiro e o poder de marketing das grandes majors conseguem sobrepô-lo?
Tendo como regente a ABMI – Associação Brasileira da Música Independente e o apoio do SEBRAE o maior encontro internacional da indústria da música no Brasil mostrou competência e sobriedade na escolha dos profissionais participantes além de adequação de temas urgentes e de necessária abertura e discussão.
No primeiro dia após o credenciamento que ocorreu de forma profissional e organizada os participantes já tiveram a oportunidade de escutar um time de profissionais, CEOs das Majors Labels: Warner Music Brasil, EMI Music Brasil, Sony Music Brasil, Som Livre e num bate papo liderado por Marcelo Castelo Branco da MCB Consult (ex EMI Music, Universal Music Group, PolyGram), falaram abertamente sobre os anseios das grandes gravadoras, a busca por novos talentos, pagamento de royalties a artistas, profissionais da música, novas contratações e oportunidades na área da música. Um deleite para aqueles interessados em formar uma análise crítica e imprescindível para uma percepção do mercado da música atual.
O grande foco uníssono nos discursos do primeiro dia foi a franca transformação do mercado da música e as necessárias reações do mercado às mudanças cada vez mais integradas com os aspectos tecnológicos e marcados pelo imediatismo típico da nova geração.
Laura Tesoriero, presidente do Conselho do Grammy Latino apresentou a necessidade de uma integração cultural entre os países da América Latina e expôs o processo atraente e democrático do Grammy Latino, inclusive pontuando a possibilidade de qualquer artista participar e interagir. Qualquer um? Sim, qualquer um, basta clicar aqui.
Dentro deste cenário só faltava juntar profissionais habilitados para discutir sobre a música ao vivo… e foi justamente o que ocorreu. Léo Feijó (PUC RIO), Sérgio Arbaloez (CIRCULART), Gutie (Recbeat), Paulo Almeida (Mais e Melhores) e Stênio Mattos (ABRAFEST) abordaram questões sobre as perspectivas do cenário de shows no país apresentando cada um exemplos sustentáveis de eventos possíveis tanto de pequeno quanto de médio e grande porte.
O segundo dia foi destinado basicamente a workshops voltados para a sincronização, estratégias, engajamento e ferramentas digitais. Nos debates os temas abordados foram desde a remuneração no modelo de streaming até a influência do Estado na economia da música, tema que ao meu ver incendiou o ânimo de alguns participantes por ter abordado um conceito de Estado cada vez mais intervencionista e menos liberal que na visão da ampla maioria dos presentes dificulta a atividade empreendedora.
Com a apresentação de Bruno Garschagen, autor do livro – Parem de Acreditar no Governo. Nós não Gostamos de Política mas Amamos o Estado (editora Record) – a tônica das discussões firmaram no questionamento de como o pensamento liberal pode servir para o mercado da música? Com a resposta o professor Rodrigo Mezzomo foi enfático: “- Só loucos empreendem no Brasil!”
Realmente o Rio Music Buzz demonstrou a importância da necessidade de discussão dos novos modelos e de quebras dos velhos paradigmas como fator preponderante para a adaptação e crescimento de um mercado da música focado na responsabilidade social da cultura e da importância da música na sociedade.
O último dia foi marcado pela apresentação da nossa palestra – Transparência na Indústria da Música – que utilizando os dados descritos no relatório publicado pela Rethink Music e Berklee adaptamos os conceitos de transparência para o mercado brasileiro demonstrando a necessidade de pensarmos coletivamente, utilizando a tecnologia e a incentivo ao ensino sobre a cadeia produtiva da música como fator determinante para uma indústria mais justa e equânime.
Sobre o relatório em breve publicaremos um texto específico sobre o assunto.
De fato ficou demonstrado que a ABMI e o SEBRAE muito estão contribuindo para o avanço das discussões sobre economia criativa, empreendedorismo e principalmente sobre a cadeia produtiva da música promovendo um evento de grandeza substancial para as discussões pertinentes à indústria além de possibilitar o contato direto com aqueles que amam, vivem e sentem a música.
Ah! Quanto a pergunta do primeiro parágrafo deste texto, temos a salientar que a resposta foi uníssona no ideal e no pensamento de todos os participantes. Com a palavra Marcelo Castelo Branco, Marcelo Soares, Aloysio Reis, Sérgio Afonso, Erik Gilbert que em quase num coro disseram:
“O talento ainda é a primordial característica para ascensão de um artista no mercado da música!”
Que chegue logo o RMB 2016.
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