Por Pedro Loty, vocalista da banda Mundo Ácido

Vou falar de um artista que influenciou muito meu som ,entre tantos outros , que além de original e criativo consegue transferir todas as suas influências para o seu som sem parecer mera cópia barata e pasteurizada de antigos movimentos musicais . Parece até engraçado falar de Flavio Bassos conhecido como  Júpiter Maçã como algo novo e contemporâneo já que ele está na estrada desdos anos 80 quando integrou as bandas que hoje já são clássicas do rock gaúcho como a TnT e Cascavelletes . Essas bandas já mostravam a ousadia dele no palco e nas letras com perfomances memoráveis no underground do Sul e inclusive participaram do programa da Angélica na época cantando “Eu quis comer você”.

Em 1997 Júpiter Maçã grava seu primeiro album solo chamado  ”A Sétima Efervescência ”  considerado o maior album de rock do Sul , ele traz fortes referências a Syd Barret , Beatles , Mod Rock e também uma brasilidade alá Mutantes. Faixas como ” Um Lugar do Caralho ” que muita gente pensa ser do Raul Seixas pela  timbre da voz ,  ” Miss Lexotal 6mg” ,” Eu e minha Ex” são clássicos do Rock Brasileiro além do clássico psicodélico ” Tortas e as Cucas ” Com referências explícitas nas letras a drogas como o Lsd, Chá de cogumelo e alchool , surrealismo e obcenidades  esse disco tem a produção de  Egisto Dal Santo junto com Júpiter Maçã tocando todos os instrumentos . Depois de rodar o Brasil com shows memoráveis e cheios de improvisos , Júpiter Maçã radicaliza e troca seu nome para Júpiter Aplle e em 1999 grava o CD de New Bossa Nova/Rock/Experimental –  ” Plastic Soda ” .  Se no Cd anterior ele já tinha experimentado pitadas de música brasileira nesse agora ele se aprofunda nas melodias , levadas e tb em um certo suingue elegante. Faixas longas , cantadas em inglês com certas camadas de noises ,mudanças inesperadas de tempo , vanguarda e jazz ” Plastic Soda ” arrancou elogios de gente como Caetano Veloso , Rita Lee e Arnaldo Baptista e também gerou certa estranheza em seus fãs que estavam acostumados com o Rock Psicodélico do primeiro trabalho . Mais uma vez Júpiter toca todos os instrumentos do álbum. Ele não faz muitos shows preferindo dar continuidade as experimentações e consegue ir além com ”  Hisscivilization ” de 2002 . Além da Psicodelia , Bossa e JAzz ele agora imprime atonalismo , eletrônica , longos loops , valsa e o que mais vier a sua cabeça . Produzido por  Thomas Dreher ,ainda com o nome de Jupiter Apple e 90 % das letras em inglês esse foi até agora o album mais incompreendido e maldito de Júpiter Maçã , pra mim e pra muitos a sua obra prima .

Quando todos achavam que ele tinha sabotado a própia carreira com 2 álbuns experimentais  eis que em 2006 lança seu album mais acessível chamado ”  Uma Tarde na Fruteira. ” .  Dessa vez ele consegue unir todas as suas influências , fazer algo criativo e ainda assim com certo ar Pop com citações a Woody Allen,  Aldous Huxley , Caetano Veloso na já clássica  “A Marchinha Psicótica de Dr. Soup”  ,  personagens do underground como ” A menina Super Brasil ” que ama Tom Zé e ouve os Mutantes .  Volta com o nome de Júpiter Maçã e canta a maioria das músicas em Português , mas também em francês e inglês.  Dessa vez ele traz um time de instrumentistas de primeira  como Thalita Freitas – vocal, percussão , Cuca Medina – vocal, synth, flauta , Astronauta Pinguim – órgão, moog , além de tocar vários instrumentos . Com uma sonoridae muito rica , cheia de camadas e colagens musicais ” Uma tarde na fruteira ” parece ser o auge de Júpiter mas pessoalmente as coisas não vão tão bem assim , como ele diz logo na primeira frase de ” Beatle George ” – Eu deveria parar de beber / Porque não estou fazendo bem a quem me ama . ” Seus shows se tornam caóticos , onde mal conseguia ficar de pé e cantar , tendo sempre a ajuda da platéia para lembrar as letras .

Mergulhado na doidera do underground paulista parecia que esse era seu fim  mas depois de uma internação em 2009 voltou sóbrio e criativo formando uma banda nova com Julio Cascaes – guitarra , ThunderBird no Baixo , Astronauta Pinguim – sintetizador moog e orgão e Felipe Maia – bateria. Ele voltou a fazer bons shows como o no Rock In Rio 3  no Palco Sunset dividindo o palco com a banda Cidadão Instigado.  Lançou bons singles como “Modern Kid” (2009) , “Gregorian Fish” (2009) , “Calling All Bands” (2010)  e “Gothic Love – Urban Blue” (2012) calcados em um rock mais dance e direto , maioria com letra em inglês e um timbre vocal mais grave alá Jim Morrison . Para 2013 ele promete um novo Cd de inéditas , é esperar pra ver qual caminho será tomado por esse artista de música livre brasileira que carrega o DNA dos ditos ” malditos ” como Walter Franco , Sérgio Sampaio , Itamar Assmpção entre tantos … Vida longa ao mestre Júpiter !!!!!!!!!!!!!!!!!!

 

Por Pedro Loty, vocalista da banda Mundo Ácido

 

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