Webradio - o presente da internet

Eu tenho uma webradio!

Essa afirmação, hoje em dia, não causa mais estranhamento para o público em geral, pois a cada dia, tem-se uma profusão de novas rádios surgindo no meio web, seja repetindo o sinal de emissoras originalmente veiculadas no dial ou em ambientes criados por quem é amante da música e do rádio.

O fato é: ter uma webradio não é mais um bicho de sete cabeças. E falo isso porque, quando eu criei a Rádio Graviola, em 2008, poucas pessoas entendiam quando eu afirmava ter uma rádio na web! Era necessário explicar que precisava entrar em um site e que lá teria música e informação disponíveis em áudio como em uma rádio “normal”. Essa explicação suscitava, ainda, um série de outras perguntas:

“- Mas é só digitar o endereço? Eu entro lá e tá tocando música? Fica 24 horas no ar? Como você conseguiu fazer isso?”

É certo que o acesso a informações de como montar um rádio ainda era muito escasso. Foi a partir de um artigo que eu li por acaso, que descobri que poderia realizar este meu sonho de criança, adolescente e adulta… Ah! Internet! Mas foram necessárias horas de pesquisa e estudo, um garimpo de textos de várias nacionalidades, que explicavam como criar essa linda engenhoca.

Com as novas tecnologias, ter uma rádio ficou mais fácil, mas é preciso persistência, dedicação, planejamento e criatividade.

A maioria dos textos apontavam para a necessidade de se ter um servidor próprio, ligado 24 horas, para que você pudesse ter o sinal permanentemente no ar. Servidores de streaming? Não, ainda não estávamos nessa era, principalmente aqui no Brasil. Não havia quase oferta de servidores. E não tinha com quem conversar tecnicamente sobre o assunto. A cada nova descoberta, vinha um novo obstáculo. Mas nunca pensei em desistir. Pelo contrário, virei noites tentando me superar.

A solução foi criar uma rádio toda em podcasts. Rádio em quê? PodcastsAprendi que são arquivos que você grava, edita, monta e incorpora em um site com um player.  Oi? Tá, deixa pra lá… Entra na rádio que você vai entender.

Em 2010, conheci o meu primeiro servidor streaming! Que legal, o setlist que eu montei ficou rodando direto, sem que precisasse dar play pra isso. Era só entrar no site e pronto! Lá estavam as músicas tocando. Só que haja música pra tocar direto sem repetir. Tarefa nada fácil e mais horas e horas de pesquisa para montar um conteúdo agradável.

Em 2011, conheci o live streaming e a felicidade não cabia em mim! Eu falava daqui e a pessoa ouvia de lá. Coloquei um disco para homenagear um amiga e liguei pra ela: – Tá ouvindo? – Tô!! Dava pulos dentro de casa. Mas o serviço não era essa maravilha toda: caía a toda hora. Teve um dia que fui reclamar com o suporte e, quando vi, estava discutindo ao vivo com o atendente, pois o microfone estava aberto.

E assim foi se construindo a trajetória da Rádio Graviolacheia de histórias engraçadas e passagens curiosas -, que resultou no troféu recém conquistado de melhor webradio pelo Prêmio Profissionais da Música 2016, coroando um caminho cheio de dificuldades e alegrias.

E o slogan da Rádio não é à toa: “A Rádio feita a mão!”.

Ao longo da estrada, fui agregando parceiros e colaboradores amantes da música e do rádio. Transmiti ao vivo muitos shows e eventos de todos os portes, tornando a Rádio Graviola uma referência de pioneirismo no Brasil, mas, principalmente, criei um veículo que veio suprir uma lacuna que há muito eu queria preencher: um espaço livre para tocar o artista independente.

E tinha esse desejo porque sabia que para um artista tocar em uma rádio, era necessário estar ligado a uma grande estrutura de gravação, produção e divulgação. E tantos e tantos artistas talentosos não estavam. Em 1996, trabalhei em um selo independente, tentando colocar música pra tocar em rádio e a recepção era sempre a mesma: “- é independente? Não rola…!” e assim vi que precisava fazer alguma coisa por esse mercado.

Então, ter uma rádio pra mim virou uma missão! Aproveitar essa mesma tecnologia em franco desenvolvimento, para oferecer um espaço de difusão para todo mundo, em vários sentidos. E a internet não só facilitou como possibilitou essa empreitada! Ainda temos muito que evoluir em estrutura. A própria internet ainda deixa a desejar em estabilidade e velocidade, mas hoje já temos alternativas. Muitas!

Fico feliz em ver essa profusão de rádios que temos hoje e encorajo quem tem vontade em ter uma. E sempre digo: criar uma webradio é fácil, atualmente temos inúmeras ferramentas pra isso, mas, para mantê-la viva, é necessário muita persistência, vontade e ter um objetivo maior do que só “capitalizar”, caso contrário, o projeto se torna vazio, sem gosto…

Penso que precisamos quebrar com a lógica antiga de “concorrência”. Cada um tem o seu estilo e tem espaço pra todos, basta que você imprima a sua personalidade, faça um canal diferente dos outros, sem copiar modelos. CRIE!

Uma coisa é certa, se hoje as pessoas entendem melhor o que é uma webradio é porque existem milhares de veículos e plataformas streaming e a internet virou o principal meio de consumo de música. As pessoas já sabem como funciona: quanto mais rico o meio, melhor!

O vasto cenário de música, projetos e conteúdos independentes só tem a ganhar e agradecer. Inclusive o cenário musical e a indústria também… afinal, a internet não é o futuro… é o presente do Rádio!

Deixem suas dúvidas e opiniões nos comentários. Vamos debater mais sobre o assunto.

 

Valéria Becker é jornalista, formada na PUC-Rio, criadora e coordenadora geral da Rádio Graviola, webradio.

 

 

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