Na tentativa de desvendar um pouco mais do que se passa na atual cena independente brasileira, conversei com o Raphael Evangelista, integrante do Duo Finlândia. O Duo formado por ele e pelo argentino Mauricio Candussi está em plena atividade, com disco novo na praça e circulando pelos quatro cantos do mundo. Nesse papo o Rapha fala um pouco de como é viver na estrada com uma banda independente, sobre o processo criativo, o auxílio da internet, entre outras coisas.

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Alex- Primeiramente, pra quem ainda não saca o Finlândia, conta um pouco da proposta de vocês, como se conheceram e resolveram montar a banda?

Raphael – Bom, tudo começou em 2008-2009 quando eu fui com a banda brasileira que eu tocava, a “Dilei”, fazer uma tour pela Argentina e Chile. Daí, em Córdoba tocou conosco uma banda chamada “Los Cocineros”. Nessa noite conheci Mauricio Candussi, acordeonista e tecladista desta banda. Ficamos amigos e mantivemos contato desde então.
Em 2010, ele foi acompanhar a cantora argentina Sol Pereyra por shows em São Paulo e o convidei a ficar em minha casa, aí aproveitamos para gravar algumas experiências sonoras com violoncelo, acordeão e bases eletrônicas feitas no Live.

Vimos que ficou muito boa a mistura e a partir disso começamos a gravar aquelas que seriam as músicas do primeiro disco “Nandhara”.

Durante estes pouco menos de 4 anos de projetos vieram mais 3 discos: Extensión, Carnavales e Dale. E a busca pela melhor mistura dos instrumentos encontrou um ambiente perfeito nos ritmos sul-americanos. Focamos em ritmos pouco conhecidos fora de seus países de origem como o Huayno, Saya, Baião, Candombe. Esta é a base da proposta do FINLÂNDIA

Alex- Como é o processo de composição das músicas?

Raphael – O último disco (da atual tour) foi lançado em abril do ano passado no Uruguai e se chama DALE. Nele aplicamos um processo de composição que estamos utilizando até hoje. Por se tratar de um disco de participações, onde chamamos músicos que conhecemos ao longo dessas tours pelos 4 continentes, utilizamos então muita internet. Quando não estamos juntos, eu e Mauricio, nas tours e podemos gravar em algum estúdio de alguma cidade, utilizamos muita internet. Tudo nasce de uma idéia meio que temática ou mesmo uma simples frase do cello ou acordeão.

Usamos muito de nossas vivências musicais. Mauri com o tango e música folclórica que ouviu desde pequeno e eu, que tenho um pé no nordeste (minha mãe é cearense), misturei minha mineirice com os ritmos nordestinos que tanto ouvi quando criança. Daí começa-se um grande trabalho de logística, de como gravar isso tudo… e é aí que entra a internet

Alex- “Dale”, o álbum mais recente do Duo, conta com participações bem variadas, isso da um clima bem universal ao trabalho esse de vocês. Essa ideia de convidar gente de vários lugares diferentes foi concebida antes do disco ou foi uma coisa que aconteceu por acaso?

Raphael – Foi um resultado destas tantas viagens. Os músicos que convidamos para participar foram os mesmos que conhecemos nas tours. Quando percebemos que tínhamos tantos amigos ao redor do mundo, ótimos músicos, nos bateu a idéia de convidá-los para entrar no clima FINLÂNDIA. Então podemos assim trazer para este ambiente músicos do japão, Rússia, Finlândia, Centro-americanos, Sul-americanos, com suas respectivas influências. Daí nasceu DALE, um híbrido desta união.

Alex- Por falar em estrada, como vocês se viram para organizar as turnês da banda?

Raphael – Criamos um verdadeiro bunker de trabalho. A idéia é que sejamos o centrão de uma rede de produtores que trabalham cada um em sua região. Isso nos possibilita ter uma agenda sempre cheia, pois enquanto um produtor está planejando o trabalho, o outro, em outro país, já confirmou datas. Nosso trabalho hoje em dia é basicamente administrar o calendário e roteiro de tour para que a coisa toda seja auto-sustentável, mas no começo foi ralação mesmo. Chamamos de tours de desbravamento, onde íamos na cara e coragem marcando os shows e se jogando de cabeça.

Alex- Mas pra você qual o fator mais importante pra uma banda circular sem entrar em roubadas (ou minimizar ao máximo esse risco)? 

Raphael – Não entrar em roubadas é algo muito complicado. Perco a conta em quantas vezes já estivemos nessa situação. A questão é ir filtrando mesmo ao longo das tentativas. O bacana é quando for em um show novo, sem conhecer o produtor contratante, amarrar tudo, se possível em um contratinho básico. Ou ao menos, ter um check-list bem definido com horários, acordo de logísticas e se possível adiantamento de cachê. Isso te dá uma segurança maior frente a qualquer “surpresa desagradável”, mas te falo, nem tudo isso te livra de uma roubada de vez em quando, mas vejo como parte do crescimento.

Alex- Por onde vocês andam agora e o quê que já tem de destino certo pro Finlândia?

Raphael – Estamos nesse momento em Córdoba, Argentina, pela etapa Argentina da tour DALE. Aqui temos 7 shows e a gravação do primeiro vídeo clipe profissional. Ficaremos aqui em março ainda.

Em abril vem shows em 5 países da América Central, incluindo duas datas em festivais grandes: FIA Costa Rica e World Music Panamá, o qual estamos muito felizes por ser convidados. Daí em Maio vem mais uma etapa de shows no Brasil com tours por MG e no Sul. Em Junho, Julho e Agosto seguimos para shows na Europa, com datas confirmadas em festivais na França e no segundo semestre tem vários shows programados no Brasil, incluindo um em Recife dia 16 de novembro, no FEM – Festival Experimental de Música o qual fomos convidados e ficamos muito felizes de voltar nessa terra cheia de arte. Ou seja ainda tem muita estrada pela frente… malas sempre arrumadas!!

Alex- Pra fechar, gostaria de saber se vocês já tem planos pra um próximo álbum.

Raphael – Planos concretos não… Estamos analisando alguns temas ainda. Queremos divulgar bastante o DALE até 2015, mas o lançamento de singles sim! Estamos prevendo o lançamento de novos singles no segundo semestre deste ano. Eles ainda estão em fase de composição.

Para escutar o som dos caras, acesse: www.finlandiamusica.com

https://www.facebook.com/finlandiamusica

 

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