A Primavera das Mulheres na Música

Em 2015, uma onda de protestos femininos percorreu o país. O movimento feminista vem se fortalecendo no Brasil e as redes sociais estão desempenhando um papel importantíssimo. Em novembro, especialmente, a mobilização foi além das redes e chegou às ruas, vários protestos contra o presidente da Câmara dos Deputados e suas propostas contrárias aos direitos da mulher mobilizaram milhares de pessoas em diversas cidades brasileiras, no que a imprensa chamou de “Primavera das Mulheres”.

Os reflexos deste “despertar feminino” também chegam à indústria musical, onde as mulheres vêm mostrando seu poder. Além de demonstrações públicas de apoio à causa feminista, as musicistas vêm batendo recordes e se fortalecendo nesse mercado, muitas vezes, acusado de sexista.

É impossível tocar nesse assunto sem citar a cantora Adele. Seu último álbum, intitulado “25”, bateu recorde de vendas, com 3,38 milhões de cópias vendidas nos Estados Unidos em sua primeira semana, tornando-se o mais vendido de 2015, em uma época em que artistas raramente ultrapassam um milhão de cópias. Aparentemente, a estratégia de não disponibilizar o álbum em serviços de streaming funcionou, pois a britânica atingiu o topo das paradas musicais em mais de 130 países e o “25” já é considerado o álbum de maior sucesso de todos os tempos.

Antes da Adele a cantora Taylor Swift já havia aberto fogo contra os serviços de streaming. Através de uma carta aberta à Apple na qual dizia recusar a disponibilização do CD “1989“, álbum mais vendido em 2014, considerou “chocante e decepcionante” a falta de remuneração por parte da empresa no período gratuito de três meses reservado aos assinantes. Tal ato forçou a Apple Music a anunciar que pagaria os artistas neste prazo. E olha que esta reação foi o segundo round já que no primeiro a cantora determinou que fossem retiradas suas músicas do Spotify.

No quesito inovação na divulgação de um novo álbum, também podemos citar Janet Jackson que, após sete anos de hiato, em Outubro deste ano, optou por focar no lançamento de apenas um single nas rádios de um formato bem restrito dos EUA e conseguiu estrear em #1 dos mais vendidos, com uma grande vantagem em relação aos demais. A nova estratégia chamou atenção, abrindo portas pra um novo mercado, onde não seriam necessários gastos tão altos em se tratando de divulgação.

No Brasil, em se tratando de números, Anitta é o nome da vez. O clipe “Deixa ele sofrer” bateu recorde no Youtube e foi o vídeo brasileiro a obter mais rápido a marca de 1 milhão de visualizações. Como se não bastasse, em Outubro, a cantora conseguiu bater seu próprio recorde e, com a ajuda das redes sociais, convocou seus fãs a ultrapassarem o número de visualizações anterior. Prontamente atendida, em apenas seis horas, o clipe “Bang”, de produção internacional, chegava à marca desejada.

 

 

Ainda sobre clipes, a cantora e atriz Clarice Falcão lançou em novembro, em seu canal no YouTube, o clipe de sua versão da música “Survivor”, do grupo Destiny’s Child. Nele, Clarice e outras diversas mulheres fazem uma interpretação emocionante da música que, entre outros versos, diz “Eu sou uma sobrevivente, eu não vou desistir”. Elas aparecem no vídeo passando batom vermelho da maneira que desejam, algumas passam pelo corpo, escrevendo palavras como “padrão” e “sapatão“. Os lucros da venda do fonograma no iTunes serão inteiramente revertidos para a Think Olga, uma ONG que luta pelos direitos das mulheres.

 

A icônica, Elza Soares, também fez de 2015 um ano marcante para sua carreira. Lançou “A Mulher do Fim do Mundo”, seu primeiro álbum de inéditas em quase 60 anos de carreira. Apesar de não saber dizer se se considera feminista, ela se descreve como uma “mulher do agora” e acredita ser papel do artista revelar o que acontece em seu tempo. Neste novo trabalho, Elza, se mostra como a mulher forte e destemida que o mundo de hoje requer que ela seja.

Eu acho que a mulher do fim do mundo é aquela que busca, é aquela que grita, que reivindica, que sempre fica de pé. No fim, eu sou essa mulher“, disse em entrevista ao HuffPost Brasil.

Também se tratando do feminismo, mas nos bastidores da indústria da música, podemos citar o documentário gravado pela cantora Charli XCX, durante a turnê do álbum “Sucker”. Com depoimentos de Ryn Weaver, Jack Antonoff e Marina and the Diamonds, o intitulado “The F World and Me”, foi exibido pelo canal BBC na última semana. O documentário aborda o tema de diferentes perspectivas e traz referências à Beyoncé e Rihanna, tidas como símbolos de quebras de paradigmas das mulheres na cultura pop. O filme tem 41 minutos de duração e está disponível na Internet, sem legendas.

Ao redor do mundo, entre outras causas, as mulheres lutam por salários iguais, por paridade nos conselhos de administração, por leis que permitam conciliar o trabalho com a vida familiar. No mundo da música a luta também acontece, abusando do talento e da inovação, as mulheres seguem batendo recordes e se provando essenciais nessa indústria que nunca para de se movimentar e precisa se reinventar constantemente.

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